Olá queridas pessoas que me acompanham por aqui. Depois de um bom tempo sem escrever venho retomar esse movimento de manifestar meus pensamentos através da escrita nesse blog. Precisei de um tempo para organizar as coisas dentro de mim pois são tempos fortes para todes e como uma pessoa que trabalha com os sistemas que trabalho, os processos internos são profundos. Mas quero escrever com maior frequência, até como exercício criativo da escrita e de liberar esse fluxo, sem a exigência de me adequar a um modelo padrão. Tenho feito parte de um grupo de escrita criativa com minha querida professora orientadora de doutorado <3 Marília Librandi e percebendo como prender o fluxo da escrita é prejudicial para quem é pesquisador@ como eu e precisa se expressar através da escrita. Assim, a ideia aqui é me expressar com maior liberdade e estar atenta a escuta das percepções de vocês. Hoje quero escrever sobre a carta da semana, cujo link está no meu canal do youtube https://www.youtube.com/watch?v=GhBzCL7mkPE&t=36s
Dessa vez a carta foi o 8 de Copas- Indolência do Tarô de Thoth. Há um tempo tenho postado a carta da semana numa versão shorts, de menos de 1 min. para que as pessoas tenham conhecimento do meu trabalho, mas quando me deparo com uma carta dessas definitivamente, a coisa é muito mais profunda e preciso ir além do 1min. Gosto quando saem questões mais profundas como esta, inclusive para que as pessoas conheçam meu trabalho e saibam que eu não sou uma tarologa que diz o que o consulente quer ouvir, mas o que realmente as cartas me falam e para escutar essa mensagem, há muito trabalho e estudo profundo envolvido, pois ler tarô definitivamente não é falar o que me dá na telha com a imagem, dizendo que é uma intuição ou ler o livrinho para os outros, mas em minha forma de ver, incorporar os significados em mim após bastante estudo e meditação. Quando abrimos cartas fortes são elas que nos fazem refletir e mudar de atitude. Por isso eu digo que é preciso ter coragem para abrir o Tarô e para adentrar no caminho do autoconhecimento.
O 8 de Copas no Tarô de Thoth a começar pelo subtítulo nos fala de Indolência.
Ao pesquisar essa palavra no dicionário encontramos como sinônimo apatia, indiferença, preguiça, ...e é justamente este o estado que essa carta retrata.
Em minha trajetória pessoal, quando esta carta aparece numa abertura sobre uma relação por exemplo, já sabemos há muito que determinada pessoa não corresponde ou a situação já está desgastada, mas por algum motivo, a ideia de "não desista nunca", que nos foi implantada pelo discurso de "você tem que se esforçar muito para conseguir o que quer", podemos nos sabotar e ir lá e tentar mais uma vez e aí, quando tentamos mais uma vez sabe o que acontece? A situação não muda e você se sente mais cansada. E isso não se aplica apenas a situações afetivas, pode ser uma amizade ou parceria, por exemplo.
Uma das coisas que esta carta me ensinou é que realmente tudo é troca de energia, seja em formas mais sutis ou mais claras mesmo. Um cachorro por exemplo, quando demonstra agradecimento pelo carinho, isso é uma troca. Agora há aquel@s que podem até se esforçar, mas não tem nada pra dar, só Indolência. Então, no balanço geral acho muito positivo quando esta carta sai porque é a hora de acordar de um sonho delirante. Seja numa relação afetiva ou num grupo espiritualista, por exemplo.
Ao olhar atentamente para o 8 de Copas no Tarô de Thoth, vemos que a atribuição dela é Saturno em Peixes, importante lembrar que não estou falando de pessoas que tem Saturno em Peixes, mas deste arquétipo que é atribuído a esta carta neste Tarô. Peixes, o signo de espiritualidade, da compaixão, do amor desinteressado aqui está sob a foice de Saturno e experimenta limitações em suas águas, seu fluxo emocional. O arquétipo pisciano quando está em desequilíbrio é aquele que se deixa enganar, porque quer muito ver um mundo cor-de-rosa. Mas por outro lado, há momentos que ignorar nossas águas e nossas emoções não é possível e assim, ou ficamos no pântano da Indolência, dos sentimentos desequilibrados e até preguiça para reagir ou precisamos lidar com a responsabilidade saturnina e parar de nos auto-enganar, colocar limites e dizer "não" e se preciso, de uma forma drástica, para focar nos nossos objetivos e parar de se desgastar com vampiros energéticos, que nós mesmos em uma carência infantil acabamos criando.
Na verdade esse ponto da responsabilidade é um arquétipo que pode ser aproximado ao 8, pois na numerologia pitagórica pode representar uma busca por perfeição, é o número dos grandes esportistas, grandes músicos, que se dedicam dias a fio até chegar ao avanço que eles querem.
No Tarô hermético, o 8 de Copas não tem como subtítulo a Indolência, mas O Senhor do Sucesso abandonado. Aqui a energia artística de Peixes que poderia dar frutos belos e sensíveis, fica na estagnação e pode até mesmo abandonar o barco ao ver o que ele nutriu dar frutos.
Neste sentido, o 8 de Copas no Tarô de Marselha não é um arcano considerado negativo, mas representa uma busca por uma perfeição emocional, onde há uma busca por plenitude emocional, assim, aquilo que é desgastante não tem espaço.
Já no Tarô de Waite, o 8 de Copas é representado com uma pessoa que lembra o Eremita pode sugerir a retirada de uma situação emocional, o balanço interno e olhar para dentro, que neste sentido, pode ser o ponto final numa relação, por exemplo.
Num plano geral, penso que esta carta nos fala das inúmeras situações que acontecem todos os dias em um Brasil desgovernado. Até quando iremos abrir as noticias e nos deparar com situações de violência, de intolerância e fingir que está tudo bem? Tomar a dose de ho'oponopono parece mais uma tentativa alucinada de mascarar a realidade do que lidar com tantas injustiças à solta e expressar nossa insatisfação.
Pessoas abusando do poder, na esfera macro e micro e pessoas que passam pano pra situações de violência.
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Sempre me considerei uma pessoa espiritual e sou uma ayahuasqueira com 26 anos de caminhada e consagração, mas neste momento, não tenho vontade nenhuma de botar o pé numa igreja, num grupo espiritualista que não seja "pagão" e tenho sentido a importância de estar com quem confio. Em tempos de lunação canceriana, são tantas lembranças do passado e de situações injustas, de discursos tóxicos de perdão, brancos recém iniciantes nas medicinas e já com cocar de pena na cabeça bancando o xamã branco, movidos pelo poder, "conselheiras" fazendo intrigas, gurus abusadores, fiscais das palavras, mulheres vigiando a cor da saia da outra ou o tamanho da saia e bancando a guru do sagrado feminino mas sem dar espaço de voz para outras irmãs não-brancas e não privilegiadas, quando na verdade, os conhecimentos colocados sob "O sagrado feminino", são indígenas e vem da terra, mas poucas vezes nestes espaços é dado crédito à eles .... por isso creio eu, há tanta gente consagrando medicinas mas que continua pisando na jaca e fazendo besteira repetidas vezes e massageando o próprio ego, enquanto os verdadeiros donos das sabedorias da floresta estão sendo muito mal tratados, os povos indígenas estão sofrendo como nunca. Maria Sabina, que também tem sua imagem em camiseta estampada pra gente que nem sabe quem ela é já dizia, a proposito, no livro "María Sabina, la sabia de los hongos" (M. Estrada, 1977) que foi escrito sem o consentimento dela, num claro exemplo de violência, que os cogumelos que ela utilizava para curar as pessoas estavam sendo consumidos de forma tão inconsciente e desenfreada que a entidade sagrada destes cogumelos estava se distanciando do nosso mundo e assim, perdendo a sua força original. Mas vejo que isso é geral, não só no Brasil, grande parte da população está adormecida e manipulada, há um tempo atrás conservei com um camarada europeu que me dizia que ele queria vir para o Peru ou Brasil pra consagrar ayahuasca com os indígenas e virar xamã... Então, minha intenção não é arranjar treta com essa gente no meu texto, mas expressar o que tenho sentido há um tempo nesse campo e que se conecta muito com a carta em questão. Se continuarmos como cordeirinhos bonzinhos, nosso mundo vai continuar desse jeito e perpetuando o ciclo de injustiça e colonização do pensamento. No céu temos uma energia bastante escorpiana com tantas ativações de Plutão (transformações) nos últimos tempos e que estará bastante ativo na Lua Cheia (13/07/22 ) dessa lunação de Câncer, que será uma Lua Cheia em Capricórnio e nos fala de trabalho, o trabalho que precisamos focar para sair do atoleiro da indolência, mas sem fazer picadinho dos outros. Tenho escrito também num perfil do twitter muastrotarot e feito alguns posts por lá sobre o movimento do céu. Gratidão por me ler até aqui. Hoje estou na minha faceta das transformações, mas também sei ser positiva, só não quero ser a positiva tóxica no meio de um tempo tão apocalíptico. Gracias!
Para agendamento de leituras entre em contato: (11)94126-0496) - Muriel
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